”A tempera de uma alma é dimensionada na razão direta do teor de poesia que ela encerra” (Horácio Quiroga)

sábado, 31 de outubro de 2015

Estrada noturna

Em noites de breu,
Quando as nuvens baixas
Abaixo da lua, das estrelas,
Tornam o negrume medonho,
As estradas parecem sem fim
E sem curvas.
É isto que percebemos,
Somente uma reta,
(No plano cartesiano)
Equação de primeiro grau:
ax+by+c=0.

E o silêncio?
Denso, repleto de frequências
Que nos fazem sentir,
Desconfiados, os sons
Irrompidos de nós mesmos,
Não da matéria, muda,
Mas do extra-físico,
Pura energia,
Reverberada na negridão
Da noite alta.

O voo do bacurau
Na faina noturna da caça
Ou o pio agudo
Da coruja-branca
(a rasga-mortalha),
Que na torre escura
Se fere ou se acasala,
Nos deixam pálidos
Na noite negra,
De longas retas
E silêncio profundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário