”A tempera de uma alma é dimensionada na razão direta do teor de poesia que ela encerra” (Horácio Quiroga)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Encontro

Ali, bem atrás do armário branco,
Enfeitadinho de tafetá carmim,
Há uma porta, estreita, invisível
               Que somente meus olhos vêem.


Por ela apenas eu posso passar,
Assim mesmo em certos dias,
Dias de outono, frescos, claros,
Meus sensíveis dias de outono.


Quando as lágrimas umedecem
              Sem me consultar, soltas, fartas,
Vindo em mornas e suaves gotas
              Refletir a alma, tão recolhida.


Do outro lado, posso me encontrar,
Me ver, sem as inúteis máscaras,
Sem os enfeites fúteis, disfarçantes.
Livre das argolas e das correntes.


Então, ao retornar, caminho inverso,
Flutuo leve, sobre a estrada tranquila
              Que segue serena, quieta e mansa,
Buscando, consciente, meu amanhã.

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