”A tempera de uma alma é dimensionada na razão direta do teor de poesia que ela encerra” (Horácio Quiroga)

domingo, 13 de dezembro de 2015

Quinto Ato

Excelentíssimo Senhor
              Ministro da (in)justiça,
              Da, ainda a pouco, renomeada
              (Ah! Já tão renomeada),
República Federativa do Brasil:

É assim, deste modo, que se faz,
Excelentíssimo senhor ministro?
Um discursinho esquentado
              De um deputado em plenário,
Mais para impressionar a platéia
              Que para denunciar o fato,
Sobre abrigar torturadores
              Nos sombrios porões verdes,
Incitando o povo ao boicote;
Então, lá isso é motivo?

E sua mandatária excelência,
Mui digníssimo senhor general
              Presidente dessa setuagenária,
Tão ofendida, maltratada e usurpada,
República Federativa do Brasil;
Por que promulgou, sagaz e prazenteiro,
Insultando a primavera que findava,
Assim, tão vingativo, este quinto Ato,
Que lhe dá tantos poderes;
Ofendendo à novíssima Carta?

O verão, sempre azul, cheio de luz;
Neste ano, de chumbo, tenebroso,
Chega medonho, sem habeas corpus;
Só me resta caminhar contra o vento,
Incógnito, calado e sem documento.

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