”A tempera de uma alma é dimensionada na razão direta do teor de poesia que ela encerra” (Horácio Quiroga)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

São Petersburgo

Sussurraram-me um dia desses:
Moscou fica logo ali, filho!
Na segunda rua à direita,
duas quadras após a esquina;
a senha certa é “São Basilio”.

Nem liguei, pois em meu peito
              já me sorria a São Petersburgo,
cortada pelas águas do Neva;
mas não a Leningrado de hoje,
senão a de Fiódor Dostoiévski.

Esta sim me comove o espírito,
seja na densidade das memórias
              ou na angústia do jovem Ródion,
seja no humanismo do príncipe
              ou nas dores de Makar e Varvara.

Me encanta esta São Petersburgo
              de tão densos personagens;
o Neva, as pontes, os parques,
a chuva, a neve, a miséria visível,
cinzelando meu coração imaturo.

Nota: Quando essa poesia foi escrita, em 1968 a cidade de São Petersburgo, ainda vivia sob o nome de Leningrado.

(Luiz Antonio Vila Flor)
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