Na velha varanda
Azulejada e clara,
Certo dia foi colocado,
Sobre a mesinha baixa
De angelim pedra,
Um grande vaso barrica
Com o pescoço curto e
Uma larga boca redonda.
Um vaso com flores, flores,
Um vaso com flores, flores,
Muitas flores cheio de flores;
Transbordante, colorido, perfumado.
Antúrios, lírios trombeta, dálias
(Brancas, rosas, vermelhas),
Jades, alfazemas e quaresmas.
Vinham verão, outono e inverno,
Vinham verão, outono e inverno,
Na primavera se mudava a posição
Do jarro florido na varanda.
Begônias, girassóis pequenos, cravos
(Brancos, amarelos, laranjas),
Helicônias, jasmins e macelinhas.
Por vezes o vaso rachava,
Por vezes o vaso rachava,
Até se partia em cacos
Espalhados no chão.
Mas logo era reposto
Com grande presteza,
Por um outro vaso barrica
Com o pescoço curto e
Uma redonda boca larga.
Um vaso com flores, flores,
Muitas flores cheio de flores;
Transbordante, colorido, perfumado.
Hortências, alamandas, petúnias
(Brancas, vermelhas, lilases),
Hibiscos, margaridas e melissas.
Vinham, outono, inverno e primavera;
Vinham, outono, inverno e primavera;
Pelo ano novo se mudava a posição
Do jarro florido, na varanda.
Copos-de-leite, rosas sempre-vivas
(Brancas, amarelas, vermelhas),
Magnólias, gardênias e lilases.
Um dia, já esquecido,
Um dia, já esquecido,
Com flores apodrecidas,
O jarro se quebrou.
Fatigado, fragmentou-se,
Espalhando os cacos limosos.
Mas já não havia na casa
Quem, com ligeireza,
Outro jarro repusesse.
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