”A tempera de uma alma é dimensionada na razão direta do teor de poesia que ela encerra” (Horácio Quiroga)

sábado, 13 de fevereiro de 2016

A besta sincera (ou Danação)

Não se entusiasme muito
              com este meu sorriso.
cuidado, muito cuidado,
vá devagar;
Não se impressione tanto
              com essas canjicas expostas,
assim, com esse ar abestado,
riso mentiroso, fajuto,
enganador, demente.

Se olhar bem, com atenção,
poderá observar meus dentes;
nacarados, infestados de cáries;
repare como são feios,
acavalados e enormes.
Olhe para as aftas, inflamadas;
e o hálito? Cheire! Que horror...
São emanações sulfídricas
              que vem lá de dentro de mim.

Este sorriso que a atrai
              não é senão a porta enfeitada
              de uma casa muito suja,
Imunda mesmo; uma pocilga.
Mas já que chegou até aqui
              tente olhar lá dentro. Olhe!
Está escuro, tudo é negrume?
Pois é, trata-se da minha alma;
prontinha para descer às trevas.

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