”A tempera de uma alma é dimensionada na razão direta do teor de poesia que ela encerra” (Horácio Quiroga)

domingo, 15 de maio de 2016

Inverno

Como são medonhas estas noites
              que amanhecem em julho;
o vento é uma navalha nas frestas,
assoviando no quarto gelado
              e rugindo possesso nos coqueiros.
A chuva sacode incerta e sem rumo
              pingos cortantes e frios, que regelam.

O sol com toda sua energia
              sucumbe ao espesso das nuvens,
densas, negras, quase gelo;
não aquece, não ilumina.
Com o astro prisioneiro nos nimbos
              a vida se recolhe sombria e triste,
anoitecendo precoce nas tardes curtas.

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