Meu primeiro livro
Que comprei sozinho,
Espontaneamente,
Foi um livro de Dostoiévski,
Justamente o derradeiro
– Os irmãos Karamazov –
Ivan, o escritor,
Alieksiêi, o padre,
Dimitri, o militar
E Smerdjakov, o coitado.
“Na verdade, na verdade vos digo
Que, se o grão de trigo,
Caindo na terra, não morrer,
Fica ele só; mas se morrer,
Dá muito fruto.”
Na lápide e no livro
O evangelho de João
Criando a vida na morte,
Como Fiódor criava
Da morte, do crime,
Da religião, da culpa
E da promiscuidade,
Seus densos personagens,
Espelho manifesto
Da sordidez humana.
“Leve três e pague dois,
É só por hoje esta oferta.
Paga agora só um “galo”
E sai com três livros dos bons.
Pode escolher!”
Na voz cantada do vendedor,
Pachorrenta e nasalada,
O mundo a meus pés.
Eu queria levar três
(Dois Machados e um Monteiro)
Mas só dispunha, sobrando,
Fora o do lotação,
De uma “de dez”.
Na pechinha com o fanho
Levei o russo, já roto.
“Jogou dinheiro fora”,
Me disse o chofer (de quepe),
“O livro se desmancha
Antes que chegue em casa”,
Profetizou, sorrindo.
Quase acertou.
Em casa chegou,
Mas gasto, sem capa.
As folhas puídas,
Comidas dia e noite
Por traças famintas,
Tinham cor de ferrugem
E espedaçavam frágeis,
No folhear rude
Do leitor inábill
Mas sobreviveu ao novato.
“Se este livro for perdido,
E por acaso for achado,
Para ser bem conhecido,
Leva meu nome assinado.”
Que comprei sozinho,
Espontaneamente,
Foi um livro de Dostoiévski,
Justamente o derradeiro
– Os irmãos Karamazov –
Ivan, o escritor,
Alieksiêi, o padre,
Dimitri, o militar
E Smerdjakov, o coitado.
“Na verdade, na verdade vos digo
Que, se o grão de trigo,
Caindo na terra, não morrer,
Fica ele só; mas se morrer,
Dá muito fruto.”
Na lápide e no livro
O evangelho de João
Criando a vida na morte,
Como Fiódor criava
Da morte, do crime,
Da religião, da culpa
E da promiscuidade,
Seus densos personagens,
Espelho manifesto
Da sordidez humana.
“Leve três e pague dois,
É só por hoje esta oferta.
Paga agora só um “galo”
E sai com três livros dos bons.
Pode escolher!”
Na voz cantada do vendedor,
Pachorrenta e nasalada,
O mundo a meus pés.
Eu queria levar três
(Dois Machados e um Monteiro)
Mas só dispunha, sobrando,
Fora o do lotação,
De uma “de dez”.
Na pechinha com o fanho
Levei o russo, já roto.
“Jogou dinheiro fora”,
Me disse o chofer (de quepe),
“O livro se desmancha
Antes que chegue em casa”,
Profetizou, sorrindo.
Quase acertou.
Em casa chegou,
Mas gasto, sem capa.
As folhas puídas,
Comidas dia e noite
Por traças famintas,
Tinham cor de ferrugem
E espedaçavam frágeis,
No folhear rude
Do leitor inábill
Mas sobreviveu ao novato.
“Se este livro for perdido,
E por acaso for achado,
Para ser bem conhecido,
Leva meu nome assinado.”
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