”A tempera de uma alma é dimensionada na razão direta do teor de poesia que ela encerra” (Horácio Quiroga)

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Cotidiano

Madrugada ainda, solitário,
o homem embarca as tralhas
e, pés descalços na areia fria,
lança o frágil casco encardido
de encontro às ondas mansas
quebrantadas no baixa-mar.

Num salto incerto, de través,
assume, solene, o comando
e, remo nas mãos calosas,
arroja a carena azul e branca
no rumo preciso da estrela sul,
ainda acesa no róseo celeste.

Manhã chegada, vistos da praia,
barco e barqueiro, tão distantes,
são respingos no horizonte,
cumprindo a lida cotidiana
da fatigante pesca solitária,
seu parco sustento, até a morte.

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