”A tempera de uma alma é dimensionada na razão direta do teor de poesia que ela encerra” (Horácio Quiroga)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Queixas do vento

Reunidos, os fenômenos atmosféricos
              riam a solta do pobre vento sudoeste,
naquele instante nada além de um sopro;
o vento amuado, reclamava lamentoso:

"De você, trovão, que ribombeia e assusta,
              ninguém fala tão mal dos seus estrondos
              assustadores; se tanto um cruz credo.”

"De você, relâmpago, que faísca temerário,
              nunca ouvi uma queixinha assim mais forte
              mesmo quando carboniza cedros e ipês."

"E de você chuva, que alaga e inunda as terras,
no máximo é chuvarada ou pé-d'água;
sossegando, a esquecem e até lhe perdoam.

No entanto de mim, vejam só, é tufão, é  furacão,
é pé de vento, é vendaval, é tormenta;
chamam-me até, que horror, de desgraçado infeliz.

Até de uma brisa fresquinha, queixam-se eles
              de ciscos nos olhos e de resfriado malsão.

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